Transtornos mentais associados ao uso de álcool e drogas

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Transtornos mentais associados ao uso de álcool e drogas

Os transtornos mentais associados ao uso de álcool e drogas são muito mais comuns do que se imagina. A dependência química raramente aparece sozinha: ela costuma caminhar lado a lado com depressão, ansiedade, transtornos de humor, distúrbios de personalidade e até psicoses. Essa relação de coexistência entre dependência e doenças emocionais é chamada de comorbidade — e precisa ser tratada com atenção redobrada.

Quando o transtorno mental não é identificado, o paciente passa anos acreditando que o problema é apenas o álcool ou a droga. Da mesma forma, quando a dependência não é tratada, nenhum avanço emocional se sustenta. Por isso, o tratamento integrado é essencial.

Por que a dependência química causa transtornos mentais?

O uso de substâncias mexe diretamente no cérebro, alterando:

  • níveis de dopamina

  • equilíbrio emocional

  • capacidade de tomada de decisão

  • memória

  • impulso

  • controle emocional

Essas alterações podem desencadear ou intensificar transtornos psicológicos que já existiam em forma leve. Em muitos casos, a pessoa passa a usar álcool ou drogas como forma de “aliviar” emoções que não sabe lidar — o que piora ainda mais o quadro geral.

Transtornos mais comuns associados ao uso de álcool e drogas

1. Depressão

A tristeza profunda e a falta de energia se intensificam com o uso. O paciente vive um ciclo onde bebe para aliviar a dor, mas a dor aumenta depois.

2. Ansiedade

A substância parece acalmar no início, mas depois aumenta a tensão, o medo e a sensação de descontrole.

3. Transtorno bipolar

Alterações de humor se tornam ainda mais intensas e perigosas quando combinadas com o uso de álcool ou drogas.

4. Transtorno de personalidade

O uso químico exacerba impulsividade, agressividade e instabilidade emocional.

5. Psicoses induzidas por substâncias

Algumas drogas podem provocar delírios, alucinações e perda de contato com a realidade — inclusive em quem não tinha histórico psiquiátrico.

6. Déficits cognitivos

Problemas de atenção, memória e tomada de decisão são frequentes e podem se tornar permanentes.

O Circuito da Saúde possui conteúdos que explicam como o álcool intensifica transtornos emocionais e altera profundamente o cérebro:
https://circuitodasaude.com.br/noticias/como-o-alcool-intensifica-transtornos-emocionais/

Quando o transtorno mental leva ao uso de substâncias

Nem sempre o vício surge primeiro. Muitas vezes, o transtorno mental antecede o uso. Pessoas que convivem com:

  • traumas antigos

  • ansiedade intensa

  • depressão profunda

  • transtornos de humor

  • transtornos de personalidade

  • síndrome do pânico

acabam usando álcool ou drogas como forma de “automedicação”.

O problema é que o alívio é momentâneo — e logo a situação piora, criando um ciclo de dependência emocional e química.

Sinais de alerta de comorbidade

É fundamental observar quando existe dependência combinada com adoecimento mental. Os sinais mais comuns são:

  • alterações bruscas de humor

  • isolamento

  • impulsividade frequente

  • comportamentos autodestrutivos

  • crises emocionais intensas

  • dificuldade em manter rotina

  • agressividade ou apatia

  • dificuldade de concentração

  • sensação persistente de vazio

Quando a dependência se mistura com transtornos emocionais, o tratamento precisa ser mais estruturado.

A importância do diagnóstico duplo

O paciente com comorbidade precisa de diagnóstico integrado.
Apenas tratar o uso de substâncias não é suficiente.
Apenas tratar o transtorno mental também não funciona.

A dependência química alimenta o transtorno mental.
O transtorno mental alimenta a dependência.
Somente uma equipe multidisciplinar consegue separar os fatores, organizar prioridades e trabalhar ambos os problemas em equilíbrio.

Como funciona o tratamento nesses casos?

Para tratar transtornos mentais associados ao uso de álcool e drogas, as clínicas especializadas utilizam:

Acompanhamento psiquiátrico

Avalia a intensidade dos sintomas e define medicamentos seguros para estabilizar o paciente.

Psicoterapia intensiva

Ajuda a identificar gatilhos, comportamentos de risco e causas emocionais profundas.

Terapias integrativas

Incluem dinâmicas em grupo, atividades terapêuticas, práticas de mindfulness e técnicas de regulação emocional.

Programas estruturados de prevenção de recaídas

Indispensáveis para pacientes com histórico de instabilidade emocional.

Rotina disciplinada

Ajuda a estabilizar humor, reduzir impulsividade e criar hábitos saudáveis.

Apoio familiar

Esclarece papel dos parentes, reduz conflitos e fortalece segurança emocional.

Por que o tratamento especializado é tão importante?

Pacientes com comorbidade têm risco maior de:

  • recaídas recorrentes

  • crises emocionais

  • impulsividade perigosa

  • autolesão

  • abandono do tratamento

  • dependência severa

Quando tratados corretamente, porém, eles também têm altas chances de reconstrução e estabilidade.

Conclusão

Os transtornos mentais associados ao uso de álcool e drogas precisam de atenção séria e tratamento especializado.
Quando o diagnóstico é duplo e o cuidado envolve psiquiatras, psicólogos e terapeutas, a recuperação ganha força, clareza e direção.
Cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo — e é dessa união que nasce uma nova vida.


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